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Chuva


Cai uma. Duas. Três gotas. Assim se inicia a queda do conjunto de gotas d'água, ou simplesmente, a chuva.

A chuva é algo tão leve. Quando passa, parece que por um momento, tudo mudou. A paisagem fica molhada por um tempo que nunca pensei em cronometrar, mas, mesmo assim, nunca seria o tempo certo. Porque para a chuva, não há tempo.

Para as plantas que secaram, é renovação. Para as pessoas que andam pelas ruas, arrepios. Em chuvas muito fortes ou longas, destruição. Observada por alguém confuso, lágrimas de alívio. Para os que vivem pensando e olhando a janela, reflexão. Para ouvintes, música sem instrumentos. Se for surdo, cada gota vista ou sentida parece reforçar a ideia de que está chovendo. No livro de um escritor, uma cena. Se for cego, um mundo imaginário através do som. Em cada gota, uma sensação que, na pele, viram pingos de sensibilidade.

Cada gota, observada de perto, parece uma escultura abstrata formada pela água. Na chuva, a beleza é representada na simplicidade. A água cai, toma forma, se esparrama e some. E isso se repete, até que o último pingo caia.

Caem três. Quatro. Cinco gotas. O vento chega e com intensidade, faz com que todas caiam em lugares mais distanciados. Aquela sensação de ar puro (que não é totalmente puro) toca cada vez mais a realidade, fazendo com que você entenda que o tempo está mudando.

Inegável dizer que a queda de todos os pingos juntos seja linda. Ainda mais quando o sol do entardecer se junta e os pingos se tornam dourados ou formando o famoso arco-íris. E quando a chuva acaba por completo, todo o céu parece ter nuvens mais leves, parece que o azul volta a ter destaque ainda mais do que antes. Parece dar uma sensação de esperança, por cores alegres aparecerem no meio do branco sem fim.

Chuva vira cenário de cenas marcantes muitas vezes. Não precisa ser uma cena necessariamente triste, mas uma que tenha algo acontecendo e que em algumas memórias se tornam o detalhe. Afinal, chuva pode dar aspecto de tristeza, porém, também de aconchego.

Sorte daqueles que se perdem de gota em gota, em cada toque, cada arrepio, conforme o som e na visão das nuvens, que parecem mais escuras e conforme passam os minutos, clareiam. Sorte. Pois perder-se entre a sensibilidade e os pensamentos, é viver.


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