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As Paixões de Um Segundo


As vezes estamos na rua em busca de algo. Cada um tem o seu próprio destino final e caminho a seguir.

Alguns acordam cedo e não tem o poder de usar o carro, talvez por não possuir. Andam, usam metrô, ônibus, skate ou até mesmo cadeira-de-rodas. Outros, simplesmente usam carro. Mas a melhor parte de todo o tipo de locomoção, é a vista que temos.

Melhor ainda se formos passageiros e pudermos observar cada detalhe que há por nossas rotas. Placas, novas construções, velhos edifícios, postes de luz, o chão bem ou mal feito, tudo que nossos olhos podem enxergar.

Mais intrigante fica se tivermos música. Em cada fone de ouvido ou rádio, um estilo musical. Em cada lugar, a música age diferente. Pode ser apenas um som de fundo enquanto há conversa ou uma música que nos motiva para vivermos um novo dia.

Se pudemos observar de alguma forma, é inevitável não olhar para o céu. Seja nublado, seja noite ou dia, azul claro ou estrelado. Mesmo que haja chuva. É o mais notável quando não há um teto sobre nossas cabeças.

Ou vemos campos, árvores. Afinal, pode ser uma estrada longa e vazia.

Mas o que realmente não deixamos de perceber são as pessoas ao redor. As achamos dentro de carros que estão ao lado, nas calçadas, em um trânsito parado. E geralmente, sempre que vemos uma pessoa que segue os padrões que gostamos, elas tendem a roubar a nossa visão durante um bom tempo.

Ninguém sabe que a vimos, a não ser que haja alguém que te observe. Mas a vimos. E aí está o mistério. Se estamos calados, paralisados no tempo que passa ao lado, nos distraímos com aquela pessoa em especial.

Muitas vezes temos a chance de observa-la por um tempo. Os detalhes da roupa ou dos atos. Ela escuta música nos fones ou simplesmente está a pensar na vida? Para onde será que vai. Qual será o seu nome? De onde será que vem. Comprometida? Temos tantas questões para os indivíduos que nos atraem assim. As vezes, podemos até imaginar algo totalmente ilusório que inclua o mesmo.

Chatas foram as vezes que a pessoa estava do lado de fora de nosso transporte e não tivemos tempo para observar . As vezes, a visualização só durou um segundo. A imagem que mantemos na cabeça nos faz raciocinar se vimos direito o seu rosto ou se adaptamos para algo que nos atrai. Automaticamente, escolhemos a segunda opção.

Cômico fica quando reencontramos a mesma pessoa no mesmo lugar, em um dia diferente e no mesmo horário da primeira vez. É como se os corpos ficassem felizes por estarem surpresos. Mas logo esse encanto passa.

Vemos a bondade como a unica opção e acreditamos que aquela pessoa é exatamente do jeito que desejaríamos. Agregamos à ela tudo que gostaríamos em alguém.

Porém, entre todas as opções, o que pode nos deixar com vergonha é quando a pessoa também nos olha. O corpo todo se arrepia. Será que é para nós mesmos ou ela está olhando para alguém do lado? Nunca vamos descobrir se ela também se apaixonou.

O tempo passa, voa e como sempre, alguém chega onde deveria chegar. Nos preocupamos com essa paixão durante um pequeno tempo, será que acabará?

Mas é uma paixão de pequeno prazo. Prazo rápido que faz esquecer do rosto e, se ouvimos a fala, da voz. Por mais que você tivesse gostado, já não consegue sentir o perfume que ela tinha. É tão estranho. A mente faz lembrar e relembrar da visão, porém, por ter sido tão rápido, já era. Tudo que você lembra é da presença.

É uma paixão que não machuca porque nunca levamos um fora por causa dela. É boa por nos fazer pensar. É livre. Triste por se apagar com o tempo. Feliz por nos libertar de pensamentos ruins, porque, mesmo que não fosse a pessoa mais perfeita do mundo (até porque essa visão de perfeito é algo um tanto lúdico), tem uma beleza estranha que nos choca no instante que se encontra no olhar.

Paixão de um segundo. Num momento temos mas no outro já se desconhece. Respeita o silêncio da mesma forma que a distância, pois se dialogar, se torna um tanto inesquecível e pode também estraga-la. E, por incrível que pareça, temos nas várias vezes que saímos. Já perdemos as contas de quantas vezes nos apaixonamos, até porque, já podemos ter esquecido a maioria.

Mas de todos os aspectos, há um detalhe. É uma paixão totalmente nossa. Porque somente nós, aqueles que vimos a beleza daquela pessoa, podemos reviver em nossas memórias que ainda temos. Mesmo que comente que viu uma bela pessoa, o indivíduo que escutar vai imaginar uma pessoa totalmente diferente.

É algo que outras mentes não podem entender, somente a nossa.


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